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Servidores do Ipsemg param e caos se instala em hospital

Protesto. Categoria interrompeu atividades para denunciar sucateamento; médicos param na segunda
Pacientes entraram em desespero por não conseguirem o atendimento


Se conseguir atendimento no Hospital Governador Israel Pinheiro, do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg) já estava sendo difícil nos últimos dias, ontem ficou quase impossível. Com 70% dos 4.600 servidores do instituto parados em protesto contra a crise que atinge a instituição, apenas os casos médicos considerados de extrema urgência foram atendidos ontem.

O sucateamento do instituto e os prejuízos que a crise tem causado aos servidores vêm sendo denunciados há uma semana pela reportagem de O TEMPO. Desde a última sexta-feira, todas as cirurgias eletivas agendadas no Israel Pinheiro foram suspensas e a oferta de leitos caiu para menos da metade (de 290 para 141). Ao longo dessa semana, foram denunciados inúmeros casos de servidores que viajaram por horas até a capital e voltaram para casa sem serem atendidos.

A crise no atendimento se agravou com as mudanças no sistema de marcação de exames, que agora só podem ser solicitados mediante envio de fax ou através de e-mail digitalizado, conforme denúncia feita na edição de anteontem.

Ontem, com o protesto dos servidores, quem precisou de atendimento médico voltou para casa sem solução. Foi o caso da aposentada Ione Lima, 63. Diabética, ela deixou o hospital aos prantos depois de tentar, em vão, retirar os exa-mes que necessita para o controle da doença. "Precisava desse exame porque tenho médico", disse.

Alguns pacientes não conseguiram controlar o desespero ao receberem a notícia de que não poderiam ser atendidos. A aposentada Aparecida das Graças Caldeira, que saiu de Unaí, no Noroeste do Estado, para conseguir autorização para uma cirurgia do filho, de 13 anos, só conseguiu ser atendida no grito. "Chorei e pressionei. Se não fosse atendida ia à Justiça", contou.

Com o pessoal dos setores administrativo e de enfermagem parados, os médicos não tiveram como atender quem procurou o Centro de Especialidades Médicas (CEM). Ontem, ao contrário dos últimos dias, o local ficou vazio. Os serviços de fisioterapia, ginecologia e especialidades cirúrgicas não funcionaram.

No Serviço Médico de Urgência (SMU) o número de profissionais continuou o mesmo. "Como tira o mínimo de algo que já está reduzido?", afirmou uma funcionária do SMU, que não quis se identificar.

As aposentadas, Maria Aparecida Campos, 74, e Jacira da Cunha Borba, foram ao hospital para apoiar a manifestação. "Nosso medo é de o hospital fechar, porque a gente contribuiu a vida inteira. Isso aqui é nosso", afirmou Maria Aparecida.

O outro lado

Silêncio. Há uma semana, O TEMPO tenta ouvir a direção do Ipsemg sobre a crise no atendimento constatada através de documentos e depoimentos de servidores, mas ninguém fala sobre o assunto.

Reivindicações
Lista de exigências

Além de denunciar a crise no hospital do Ipsemg, outros motivos levaram os servidores a interromperem as atividades ontem, como mudanças na direção do hospital e melhoria nos salários. A categoria reivindica ainda a realização imediata de concurso público e reabertura dos leitos. Ontem, a assessoria do órgão informou que não foi comunicada sobre a paralisação. Na segunda-feira, os médicos, que também reclamam de precariedade no hospital, iniciam protesto que deve durar até quarta-feira.

A auxiliar de enfermagem que trabalha no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do hospital, Sônia Viriatro, conta que os profissionais do Ipsemg sempre são remanejados para outros setores. “E se a gente não vai, acaba punido. Conheço pessoas que receberam suspensão por isso”.

Para a auxiliar de enfermagem Eliane Moreira o pior é a falta de medicamentos. “Os pacientes ficam sem remédio ou compram por conta própria”. (TL)

Reação
Polícia é acionada por funcionária

A paralisação dos servidores do Ipsemg, ontem, virou caso de polícia. Depois de ser ameaçada por uma paciente, revoltada com a demora no atendimento, uma enfermeira do serviço de urgência acionou a Polícia Militar.

Uma auxiliar de enfermagem, que trabalha no local e não quis se identificar, contou o que viu da agressão. “Foi uma agressão verbal, mas foi preciso a polícia vir para conter a paciente”, disse. A presidente do Sindicato dos Servidores do Ipsemg, Antonieta de Faria, disse que muitos pacientes têm reagido com violência à precariedade no atendimento. (TL)

Fonte: O Tempo


(Incluída em 06/04/2010 às 09:38)

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