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Juízas negam acusações de supostas ligações com o PCC

CRIME ORGANIZADO

Maria Eugênia Pires e Ida Inês Del Cid, juízas de Mauá (ABC) acusadas por um empresário de ajudar supostos líderes de um esquema de lavagem de dinheiro em 44 postos de combustível e duas revendedoras de carros para a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), negaram ontem que tenham dado qualquer tipo de ajuda judicial aos investigados.

A denúncia contra as duas magistradas de Mauá partiu do empresário Douglas Martins do Prado ao Gaerco (Grupo de Atuação Especial Regional de Repressão ao Crime Organizado), do Ministério Público de Santo André, e, posteriormente, foi encaminhada ao TJ (Tribunal de Justiça).

Na quinta e sexta-feira passada, a assessoria de imprensa do TJ informou à Folha que a representação contra as duas juízas estava na Corregedoria do órgão e que ambas não queriam falar sobre o caso. Ontem, as juízas desmentiram a assessoria do TJ e disseram não terem sido consultadas sobre o pedido de entrevista.

Prado acusou a juíza Maria Eugênia Pires de favorecer Gildásio Siqueira Santos numa ação de reintegração de posse sobre uma casa de R$ 250 mil em Mauá. Santos, segundo a Dise (Delegacia de Investigação Sobre Entorpecentes) de Santo André, é apontado como testa-de-ferro do PCC no ABC paulista.

Maria Eugênia Pires disse que não conhece Santos e que sua decisão na reintegração de posse da casa foi parcial. Segundo a magistrada, foi ela quem determinou que Santos devolvesse R$ 84 mil e outro imóvel que ele havia recebido de Prado. "Não consigo entender qual é a minha ligação com o PCC. O que se tem de prova, de indícios de que estou ligada ao PCC?", disse a magistrada.

A juíza da 2ª Vara de Mauá, Ida Inês Del Cid, teve algumas de suas conversas com Sidnei Garcia, vice-presidente da Associação Comercial e Empresarial da cidade gravadas pela polícia. Garcia, assim como Santos, é suspeito de dar amparo para a lavagem de dinheiro do PCC no ABC.

Para Ida Inês Del Cid, as conversas grampeadas pela polícia não demonstram vínculo algum dela com a facção criminosa, bem como não apontam nada contra Garcia, de quem a magistrada disse que vai se afastar.

Uma das suspeitas contra a magistrada é a de que ela teria mandado soltar num plantão em Santo André um homem preso em flagrante por porte ilegal de arma e que seria segurança de Garcia em uma loja de carros dele. Foi nessa loja, que estaria em nome de "laranjas", que 22 carros foram apreendidos. A magistrada apresentou documentos comprovando que sua decisão teve apoio da Promotoria.

Ontem, a polícia anunciou que 60 pessoas serão indiciadas pelos crimes de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha no inquérito que apurou a rede de lavagem de dinheiro do PCC em postos de combustível e revendas de carros. "São os integrantes do PCC que não pegam em armas", disse o delegado Italo Zaccaro Neto.

Fonte: Jornal Folha de São Paulo.
(Incluída em 12/12/2006 às 08:40)

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