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O cofre secreto do Supremo

JUSTIÇA

Há duas semanas, uma pequena sala no anexo I do Supremo Tribunal Federal (STF) é a responsável por guardar, muito mais do que a sete chaves, todos os processos e informações da mais alta corte do país. Chamada de sala-cofre, a caixa de segurança do Supremo é monitorada por câmeras 24 horas por dia e suas paredes foram construídas com um material semelhante ao usado na caixa-preta de um avião, podendo suportar altas temperaturas, enchentes e até explosões de granadas, sem qualquer estrago. Tanta tecnologia é para garantir a inviolabilidade de todo o sistema de dados da corte e também dar mais segurança aos milhares de processos. Em especial, aqueles que correm em segredo de Justiça, como os inquéritos do mensalão e da Operação Furacão. O investimento, com estrutura e novos equipamentos, custou aos cofres públicos cerca de R$ 10 milhões.

Diferentemente do que se imagina, não há pilhas e pilhas de processos na sala-cofre. O que existe é um Centro de Processamento de Dados (CPD), com megaprocessadores que têm a capacidade inimaginável de armazenar 200 terabytes em dados – um terabyte equivale a um trilhão de bytes. Ali, ficam guardados toda a memória e os dados do tribunal. A idéia é que, em pouco tempo, com a informatização dos processos em curso na Justiça brasileira, a tramitação torne-se totalmente eletrônica e, assim, todas as informações da corte passarão a ser asseguradas por esse sistema.

O que é surpreendente é que, até dias atrás, o CPD ficava numa sala como outra qualquer do tribunal, sem estrutura apropriada de segurança. Para se ter uma idéia, caso ocorresse um incêndio no prédio, haveria apenas extintores e um sistema interno de “chuveirinho” para tentar apagar as chamas, o que poderia pôr em risco as milhares de informações contidas nos supercomputadores. O tribunal resolveu, então, investir pesado num sistema de alta tecnologia de sensores que, ao menor sinal de alteração no ar, lançam um gás que extingue imediatamente qualquer início de incêndio no interior do cofre. Caso haja fogo na área externa, as portas, paredes, o teto e o piso suportam aproximadamente 50 minutos de chamas intensas.

Além do fogo, a sala também resiste a situações esdrúxulas, como tiros de fuzil, explosão de granadas e até terremotos, explica o secretário de tecnologia da informação do STF, Paulo Pinto. “Mesmo que um pequeno avião caia em cima, não há risco para os dados”, brinca. Ainda segundo ele, o acesso ao cofre será limitadíssimo – no máximo, 10 pessoas terão livre ingresso e a identificação será feita por senha e impressão digital. Um sistema também evitará ataques de hackers e vírus.

MODERNIZAÇÃO Desde o início de seu mandato à frente da presidência do Supremo, a ministra Ellen Gracie se dedica à bandeira da modernização do Judiciário. Segundo ela, a nova aquisição é fundamental para o ingresso do STF na nova fase dos processos informatizados. “É uma caixa de segurança. Tínhamos todas as informações em risco de um eventual incêndio ou de uma perda de qualquer natureza. Agora, elas ficam preservadas dentro da sala-cofre. Ela vai guardar todo o cérebro da jurisprudência brasileira”, disse. Segundo a ministra, outra novidade importante da sala-cofre é o relógio atômico, ligado ao observatório nacional, que passará a marcar a hora oficial para o Judiciário.

A nova fase da informatização dos processos a que a presidente do STF se refere foi lançada na semana passada. O tribunal apresentou o e-stf, que permite o uso do correio eletrônico para a prática de atos processuais. A partir de agora, os recursos serão distribuídos de forma digital em toda a corte. A ministra Ellen Gracie explica que o meio eletrônico é cinco vezes mais rápido do que a tramitação dos autos no modo tradicional: 70% do tempo de um processo são desperdiçados com burocracia. Além disso, alega que a Justiça gasta muito com papel: só em 2006, os tribunais movimentaram 46 mil toneladas de papel em 23 milhões de processos. Depois de inaugurar essa fase, o STF faz mais projeções. “Estamos levantando até a possibilidade de que as intimações sejam feitas por celular”, disse a ministra.

Fonte: Jornal Estado de Minas.
(Incluída em 25/06/2007 às 09:00)

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