conteúdo [1] | acessibilidade [2]

 
 

Retorna ao índice de Destaques

Banco dos réus para os 40 acusados

MENSALÃO

Todos os denunciados pelo STF responderão pelo menos por um crime, de corrupção a formação de quadrilha

Brasília – O Supremo Tribunal Federal não poupou ninguém. Depois de cinco sessões, que duraram 34 horas, os ministros da mais alta corte do Judiciário encerraram ontem o julgamento de admissibilidade do inquérito do mensalão. Com poucas e isoladas divergências, decidiram abrir processo criminal contra todos os 40 denunciados pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza. O ex-chefe da Casa Civil José Dirceu responderá por corrupção ativa e formação de quadrilha, como “comandante supremo” de um grande e sujo esquema de manipulação política, como afirmou o Ministério Público.
No último dia do julgamento, o marqueteiro preferido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Duda Mendonça, e sua sócia, Zilmar Fernandes, juntaram-se ao grupo de futuros réus do mensalão. Por ter recebido R$ 10 milhões numa conta off-shore aberta no BankBoston das Bahamas, conhecido paraíso fiscal caribenho, a dupla responderá por evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Feito em 2004, foi o pagamento dos serviços prestados na primeira campanha vitoriosa de Lula à presidência, em 2002.
O STF também acabou recebendo a última denúncia contra o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira. Ele era o único que até então conseguira escapar das acusações de peculato e corrupção ativa. Mas terá que responder por formação de quadrilha, com os outros integrantes da cúpula do PT à época, o tesoureiro Delúbio Soares e o presidente José Genoíno. O ministro-relator Joaquim Barbosa explicou que Silvinho, como é chamado, não está diretamente implicado nos outros crimes, mas tinha conhecimento e participação notória no grupo, o que configura o crime específico de quadrilha ou bando.
SENHOR DA SITUAÇÃO Na quinta sessão da admissibilidade, os ministros se debruçaram sobre um dos pontos mais polêmicos da denúncia do procurador-geral da República, de que José Dirceu comandava uma organização criminosa, cujos propósitos seriam perpetuar o PT no poder. O próprio ex-ministro vem se declarando inocente das acusações. Deixou prosperar a informação de que esperava não ter que responder a qualquer processo. Já articulava a apresentação de um projeto de anistia, que lhe restituiria o direito de disputar eleições. Ele está com os direitos políticos cassados desde dezembro de 2005, quando 293 deputados votaram pela cassação de seu mandato por quebra de decoro parlamentar, acusado de corrupção.
“Há indício de que (José Dirceu) era o senhor da situação, com prestígio para estancar a força das atividades criminosas”, disse o ministro Carlos Ayres Britto, ao se pronunciar a favor do recebimento da denúncia de formação de quadrilha contra o ex-todo-poderoso chefe da Casa Civil. “Admito que há prova de que ele era o mentor e comandante supremo de toda a trama em que outras pessoas faziam papel de meros auxiliares. Isso a meu ver merece ser investigado”, atestara Joaquim Barbosa, momentos antes. “A cada capítulo, fica mais clara a existência de indícios”, concordou Cezar Peluso.

Fonte: Estado de Minas
(Incluída em 29/08/2007 às 10:00)

Rua Guajajaras, 1984 - Barro Preto - 30180-101 - Belo Horizonte - MG - Tel.: (31)3025-3500 - Fax: (31)3025-3524