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Cassação será decidida voto a voto

RENAN CALHEIROS

PMDB e PT liberam bancadas, PSDB e DEM recomendam afastamento; mas traições podem acontecer dos dois lados

BRASÍLIA - As últimas estimativas da oposição indicam que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), deve ter seu mandato cassado pelo plenário hoje em uma votação apertada que pode ser decidida por um voto. De acordo com os cálculos, Renan seria cassado por no mínimo 42 ou, no máximo, 45 votos. Já os aliados de Renan, como o senador Almeida Lima (PMDB-SE), continuam apostando que Renan será salvo, com um placar bem diferente: 50 a favor da absolvição. Mas senadores dos dois lados admitem que a votação fechada é uma incógnita. "Não dá para fazer prognósticos. O voto secreto é difícil", afirmou o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR). O PT e o PMDB decidiram liberar suas bancadas para votarem como quiserem.

Ou seja, não fizeram uma orientação explícita para os senadores votarem pela absolvição do peemedebista. Já o PSDB e DEM orientaram suas bancadas - com exceção do senador João Tenório (AL), amigo de Renan - a votarem pela cassação do presidente do Senado. A líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), disse que os parlamentares vão votar de acordo com as suas "consciências". "Não houve pedido nem orientação de voto. Entendemos que não cabe porque é uma situação em que cada senador é juiz, sua convicção deve ser formada com base no processo", disse. Apesar de não haver a orientação explícita, a maioria dos petistas e peemedebistas deve votar pela absolvição de Renan, aliado fiel do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Mesmo assim, dentro do PT e do PMDB há senadores que já manifestaram que vão votar pela cassação de Renan. É o caso do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), da ala independente do PT. O próprio PMDB, partido de Renan, espera contabilizar de três a sete traições - votos pela cassação. O senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), que mantinha o voto sob sigilo, decidiu abrir sua posição no plenário do Senado e dizer que vai votar pela cassação de Renan por considerar que a Casa não pode mais sofrer os impactos negativos que atingem o seu comandante. "Não há outra solução para a crise no Senado. Se tivesse um entendimento antes, talvez estaríamos em outra situação. É a credibilidade do Senado que está em jogo." Para o senador Jarbas Vasconcellos (PMDB-PE), um dos peemedebistas favoráveis à cassação de Renan, o presidente do Senado deve perder o mandato como forma de salvar a imagem da instituição.

O senador Almeida Lima (PMDB-SE), que integra a tropa de choque de Renan, disse que os parlamentares estão sendo "pressionados" pela oposição para votarem em favor da cassação. Segundo Lima, Renan terá de 50 a 60 votos em seu favor. Para ser cassado, o peemedebista precisa do voto contrário da maioria absoluta dos senadores - são necessários 41 votos para cassá-lo. A oposição considera o PT como "fiel da balança" para definir o destino de Renan, já que a bancada deve votar dividida. No entanto, nenhum dos maiores partidos do Senado em número de parlamentares, PMDB, DEM, PSDB e PT, manifestou publicamente apoio à absolvição de Renan. (Agências Estado e Folhapress)

Calheiros pede benção à santa
BRASÍLIA – Nas 24 horas que antecederam a sessão que pode afastá-lo da vida pública pelos próximos 11 anos, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), apelou aos santos, aos amigos e não hesitou nem mesmo em interromper a lua-demel do ex-senador Gilberto Miranda, na paradisíaca ilha de Mallorca, na Espanha, para que ele engrossasse a tropa de choque que passou o dia cabalando votos contra a cassação no plenário. Por telefone, ontem, o milionário empresário, que se casou com Carolina Andraus há dez dias, disparou telefonemas para tentar virar votos considerados indefinidos, com o argumento de que Renan poderia renunciar à presidência para salvar o mandato. Inabalável e procurando demonstrar confiança até o último minuto, o presidente do Senado negou a possibilidade da renúncia antes ou depois da sessão.

À tarde, em mais uma tentativa de mostrar tranquilidade, abriu a sessão de homenagem ao Círio de Nazaré, quando aproveitou para pedir as bênçãos da santa milagrosa Nossa Senhora de Nazaré, colocada à sua frente. “A todos os fiéis e devotos de Nossa Senhora de Nazaré, que com certeza aguardam ansiosos pela festa que ocorrerá no próximo mês, desejo uma celebração cheia de muita fé e coroada de muita paz. Que Nossa Senhora de Nazaré nos abençoe a todos”, pediu Renan. (Agência O Globo)

Cortesã vira peça de defesa
Um texto publicado em um jornal de Brasília no último domingo foi enviado para os 80 colegas de Renan Calheiros às vésperas da sessão que selará seu destino. Dentro de um envelope timbrado da presidência do Senado, o artigo, de autoria do advogado de defesa Maurício Corrêa, fala em mulheres, sexo, poder e chantagem. Mas a jornalista Mônica Veloso, pivô de todo o drama vivido desde maio por Renan, não é citada uma única vez. O artigo tão pouco tem argumentos técnicos e já foi divulgado em blogs. Corrêa tenta tirar toda a conotação político-administrativa do caso e colocá-la em outras esferas e não se acanha em usar uma uma personagem morta: Harriette Wilson (1786-1845).

Era uma cortesã (prostituta de luxo) inglesa. Eis como a descreve Corrêa: “Mulher charmosa, bonita e inteligente, era a mais procurada fornecedora de sexo da Londres do reinado de George 14”. Tinha uma caderneta fornida. “Entre seus clientes contavam-se condes, duques, marqueses, membros da Câmara dos Comuns e dos Lordes, além de destacados homens de negócio e profissionais liberais”, enumera Corrêa.

Planalto articula substituto para senador alagoano
BRASÍLIA – Na véspera da sessão que decidirá se cassa ou absolve o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), por quebra de decoro parlamentar, o Palácio do Planalto não parecia mais preocupado com o destino de seu fiel aliado e sim com o nome do sucessor. Caso Renan venha a perder o mandato ou a renunciar ao cargo de presidente, o Planalto vai trabalhar com uma lista de senadores do PMDB, pela ordem de favoritismo: José Sarney (AP), Gerson Camata (ES) e Garibaldi Alves Filho (RN). Depois de revelarem que o governo torcia por Renan, auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva já admitiam que a situação do senador agravou- se muito e que ele estará arruinado politicamente, mesmo que receba de seus pares a absolvição no processo por quebra de decoro parlamentar.

Assim, na avaliação do governo, Renan terá poucas condições de comandar a presidência do Senado, aconteça o que acontecer com ele. Se ficar, continuará a ser um irradiador de crises. Isso o governo não quer, porque vai atrapalhar a votação dos projetos, principalmente o que prorroga para até 2011 a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). Embora a maior torcida seja para que Sarney substitua Renan, o governo sabe que não terá facilidades para eleger o ex-presidente da República. O PSDB já anunciou que trabalhará contra Sarney. Como a situação é emergencial, não é bom eleger um presidente em um clima de batalha. A segunda opção seria o senador Gerson Camata.

Ele até já foi procurado por emissários do governo. Acontece que Camata, embora não seja de oposição, quer permanecer independente. A terceira opção seria Garibaldi Alves, que hoje anunciou o voto pela cassação de Renan. Garibaldi tem mágoas do governo petista, que na eleição passada apoiou a candidatura de sua adversária, Wilma Faria (PSB), ao governo do Estado. Mas há sinais de que ele aceitaria o convite do Planalto, visto que os dois lados vêm se entendendo há alguns meses. Os partidos de oposição trabalham pela eleição de Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que embora seja de um partido da coalizão de governo, é de oposição. Mas os governistas já disseram que não aceitam a candidatura de Jarbas. (Agência Estado)

Fonte: O Tempo
(Incluída em 12/09/2007 às 08:40)

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