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Hospital do Ipsemg fecha leitos e suspende cirurgias

Caos. Em comunicado, direção informa que apenas internações de urgência e emergência serão atendidas
Ordem é acelerar alta médica para liberar mais vagas, denunciam fontes


Um comunicado distribuído há dois dias aos chefes de equipes médicas do hospital do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg) caiu como uma bomba para os servidores públicos que ontem procuraram atendimento médico. No documento, obtido com exclusividade pela reportagem de O TEMPO, o Ipsemg comunica que todas as cirurgias eletivas e consultas de qualquer especialidade médica estão suspensas "até nova determinação".

A nota (confira cópia abaixo) diz ainda que o Plano de Contingência, já em vigor no hospital, manterá em funcionamento 141 leitos no hospital que só poderão ser usados para as solicitações de internação consideradas de urgência e emergência. No novo quadro clínica, o setor de pediatria terá apenas 18 leitos e as internações de obstetrícias e clínicas, 28 vagas.

Até a última segunda-feira, véspera do comunicado, segundo fontes ligadas à direção do Ipsemg, o hospital contava com 290 leitos de internação, número já bem inferior aos 540 leitos oferecidos antes de uma reforma iniciada há pelo menos um ano na ala A do hospital. A obra está prevista para ser concluída neste mês.

"Todas as cirurgias eletivas marcadas há dois e até há três meses estão sendo canceladas. Eles marcam, como se estivesse tudo normal, e depois ligam desmarcando", contou um profissional que atende em uma das equipes. Segundo o profissional, diante da redução de vagas de internação, a ordem no hospital é acelerar a alta de pacientes para desocupar os leitos.

Sem resposta. Ontem, a reportagem de O TEMPO tentou, insistentemente, ouvir a direção do Ipsemg para esclarecer os motivos do fechamento dos leitos e responder as denúncias, mas a assessoria de imprensa do órgão não agendou as entrevistas solicitadas nem deu as informações pedidas por telefone e também via e-mail.

Outros funcionários do hospital ouvidos pela reportagem denunciaram que o fechamento dos leitos é consequência da diminuição no quadro de profissionais do Ipsemg, que há dez anos não realiza concurso.

No comunicado enviado, anteontem, às equipes médicas, a medida é explicada como fruto da transição do Contrato de Direito Administrativo (CDA) com a Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig) para o Contrato Administrativo Ipsemg.

Atualmente, a Fhemig fornece funcionários ao hospital por meio de contratos. A assessoria da Fhemig explicou que os contratos não poderão ser renovados devido a mudanças na legislação estadual, que instituiu o processo seletivo simplificado.
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Drama

Viaja nove horas, mas operação é cancelada

As medidas anunciadas aos médicos já chegaram aos servidores que dependem do atendimento no hospital do Ipsemg. A professora Bezita Alves Chaves, 47, foi uma que ontem sofreu com a notícia de suspensão das cirurgias.

Depois de viajar quase nove horas da zona rural de Água Boa, no Nordeste do Estado, para fazer em Belo Horizonte a cirurgia na coluna que esperava há três anos, ela recebeu a notícia de que a operação havia sido cancelada.

“Eles me falaram que o bloco cirúrgico não está liberado porque não tem profissionais. Me disseram que eles não têm ideia de quando vão remarcar”, contou, desolada.

Outro caso de cancelamento de cirurgia afetou um jovem de 18 anos, filho de uma comerciante. A mulher, que não quis ser identificada, contou que o filho sofreu um acidente de moto na última segunda-feira e ontem deveria entrar no bloco cirúrgico. “Já estava tudo certo para ele ser operado. Aí nos ligaram no hospital dizendo que o bloco cirúrgico não estava pronto para isso”, afirma. (TL)


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Precariedade

Médicos reclamam da falta de materiais

Segundo um médico do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg), que prefere não ser identificado, a crise que o hospital da instituição enfrenta não está somente relacionada à falta de profissionais. Segundo ele, os médicos que ainda estão no Ipsemg não têm condições de trabalhar e enfrentam diariamente a falta de materiais básicos, como seringas, luvas e medicamentos.

“Estamos assistindo à agonia do Ipsemg. Convivemos com a falta de materiais para procedimentos básicos e de cirurgias. Quem sofre com isso é o nosso paciente”, conta.
Outro médico revela que grande parte do Centro de Terapia Intensiva (CTI) da instituição está inutilizada, pois não há profissionais suficientes para atuar. “O investimento em máquinas foi enorme, e todo esse dinheiro está sendo jogado fora. É muito frustrante saber que poderíamos salvar mais vidas, e não o fazemos por causa da falta de colegas”, denuncia o médico. (TT)

Fonte: O Tempo
(Incluída em 19/03/2010 às 09:49)

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