Retorna ao índice de Destaques Funcionários decidem atender só caso de urgência no Ipsemg
Crise. Categoria vai interromper serviços em protesto contra a precariedade das condições de trabalho
Médicos se reúnem hoje e podem optar por paralisação geral no hospital
Os funcionários do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg) vão interromper as atividades na próxima quinta-feira. A decisão, tomada ontem em assembleia, atinge desde pessoal do setor administrativo até enfermeiros e médicos que atendem no Hospital Israel Pinheiro.
Segundo a presidente do Sindicato dos Servidores do Ipsemg, Antonieta de Cássia Faria, apenas os atendimentos de urgência e emergência serão feitos no dia. A situação poderá se agravar, no entanto, se os médicos, que realizam outra assembleia hoje, votarem pela greve geral.
A decisão de paralisação é consequência da crise pela qual passa o hospital, que atende servidores do Ipsemg. Os funcionários denunciam que, por falta de pessoal e material de trabalho, o atendimento foi reduzido no hospital. Na última sexta-feira, O TEMPO publicou com exclusividade a notícia sobre o fechamento de pelo menos 150 leitos, além da suspensão das cirurgias eletivas. A direção do Ipsemg nega a crise e informa que as medidas foram tomadas devido às obras de ampliação da ala A do hospital.
"Soubemos do fechamento dos leitos e do cancelamento das cirurgias eletivas por acaso. Um comunicado veio parar nas nossas mãos por engano. Caso contrário ficaríamos sabendo pela imprensa", contou um médico, que pediu para ter o nome preservado.
A paralisação das atividade na próxima quinta-feira foi tomada ontem depois de um debate acalorado. Pelo menos 150 profissionais lotaram o auditório da Faculdade de Ciências Médicas.
Com os ânimos acirrados, os servidores pediram a realização imediata de concurso público e a saída da atual diretoria da instituição. Ontem, mais uma vez, a diretoria do Ipsemg foi procurada pela reportagem para responder às reclamações dos servidores, mas ninguém se pronunciou.
Segundo a diretora do Sindicato Andrea Almeida, os funcionários não têm mais condições de trabalhar diante da precariedade da instituição. "A maioria dos funcionários está com 20, 30 anos de casa e não aceita assistir parada ao sucate-amento do Ipsemg. Nós enfrentamos a falta de médicos e de estrutura diariamente. Não adianta tampar o sol com a peneira", disse.
Os funcionários do Ipsemg decidiram ainda que vão solicitar formalmente à direção do Ipsemg e à Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag) o diagnóstico, elaborado entre 2007 e 2008, pela Aon Holdings Ltda, empresa contratada por R$ 5 milhões para avaliar a gestão no instituto. O relatório da empresa, guardado a sete chaves pelo governo, traria ainda as soluções para melhorar a administração no Ipsemg. Os servidores denunciam que os resultados estão parados desde o final de 2008 na Seplag e nenhuma medida é tomada, apesar do alto valor pago pela consultoria.
Reivindicações
Propostas dos servidores:
- realização imediata de concurso para contratação de novos profissionais
- troca da atual diretoria do Ipsemg
- apresentação do diagnóstico que contém os problemas e as soluções do Ipsemg. O estudo foi contratado em 2007 e executado pela empresa Aon Hol-dings Ltda
- aumento salarial, melhores condições e segurança de trabalho
Precariedade
Servidores relatam agressões devido a falta de estrutura
Alguns dos funcionários do Ipsemg que participaram da assembleia de ontem fizeram relatos de problemas que têm enfrentado porque não conseguem atender bem os pacientes que procuram o Hospital Israel Pinheiro.
Em tom de desabafo, um enfermeiro do Serviço Médico de Urgência (SMU) contou que está de licença porque foi ameaçado de morte por um paciente revoltado com a demora do serviço. “Nós também sofremos quando deixamos um paciente passando mal sentado por até oito horas sem ser atendido. Faltam profissionais e material básico como remédios”, disse.
Um médico que preferiu não se identificar disse que o Centro de Especialidades Médicas do Estado – planejado para realizar até 2.800 consultas por dia – está longe dessa realidade. “Esse ambulatório enorme não realiza nem metade dos atendimentos que poderiam ser feitos. Não há médicos suficientes”. Um edital publicado no “Minas Gerais” de sábado autorizou a contratação sem concurso de 293 profissionais, entre enfermeiros e técnicos de farmácia. Não há vagas para médicos. (TT)
Vagas
Sem concurso. O Ipsemg irá contratar em caráter emergencial 293 profissionais da saúde. Informações na versão impressa do “Minas Gerais” e na página eletrônica www.iof.mg.gov.br
Fonte: O Tempo (Incluída em 23/03/2010 às 11:50)
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