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Desabafo de um Servidor: "É difícil trabalhar assim"


É difícil trabalhar assim

"Eu, José Gumercindo de Oliveira, Oficial de Justiça Avaliador da Comarca de Poço Fundo/MG, desde 1994, quase 22 (vinte e dois) anos de função, venho através deste “desabafo” solicitar providências em relação às condições em que estamos trabalhando.

Sou oficial do TJMG por esse tempo todo, neste trabalho sempre tentei desempenhar de maneira eficiente, honesta e diligente as minhas funções.

Já passei por tudo nessa minha profissão:
. Já cumpri as diligências na zona rural através de caronas em caminhões de leiteiro, em carros e Kombis em péssimo estado (época em que não tinha veículo para me locomover).
. Já fui mordido e atacado por cachorros várias vezes.
. Já fui ameaçado de morte ou avisado para “tomar cuidado”.
. Já tive que fugir correndo de incapazes para não sofrer lesões.
. Já fui cercado e ameaçado, junto com outro oficial e policiais militares, por foices, machados e porretes, por familiares de réu que ia ser preso.
. Já caí e machuquei várias vezes da moto, ao tentar localizar pessoas em locais de difícil acesso.
. Já tive minhas férias interrompidas para cumprir diligências.
. Já perdi vários feriados cumprindo minhas funções.
. Já trabalhei muitas vezes sozinho, pois os outros dois oficiais estavam em férias e/ou em licença saúde (o que é direito deles e também meu, expresso em lei).

Estes e outros tantos dissabores, que aqui não daria para descrever.

Trabalho diariamente muito mais que as 6 (seis) horas diárias pelas quais fui concursado (analisando: se gastasse 15 minutos para cumprir cada mandado que tenho em minha pasta – desconsiderando aqueles que tenho que percorrer até 40 Km para chegar ao local da diligência, e aqueles arrolamentos, buscas e apreensões que, às vezes, são realizados por dias – o mês seria muito pequeno para cumpri-los).

E, neste mês de setembro, há mais de um mês cumprindo diligências sozinho na comarca, novamente (um oficial está de férias e o outro de licença saúde - o TJ já foi oficiado, mas não tomou providências), quase fui queimado ao realizar a busca e apreensão de um veículo, cujo dono jogou gasolina e ateou fogo comigo, na porta do caroneiro, pegando o mandado para a esposa do indivíduo assinar e com o rastreador/localizador no volante do veículo. Graças a Deus deu tempo de sairmos correndo e ninguém se feriu.

Diante do exposto, gostaria que o TJMG tomasse as seguintes providências:

1ª) Que a minha profissão seja reconhecida como de alta periculosidade.
2ª) Que nem eu, nem outro Oficial, nunca mais tenhamos que ficar sozinho na Comarca para cumprir todas as diligências distribuídas (pode constatar em minha pasta funcional a quantidade de mandados que cumpri este mês e o outro tanto que ainda nem sei como vou cumpri-los. E considero direito do funcionário tirar suas férias anuais e/ou licença saúde, salientando que não adianta chamar um substituto e este, por questões burocráticas de publicações, começar apenas quando já estiverem vencendo as férias/licenças dos outros oficiais, pois assim acabamos por continuar sozinhos da mesma forma).

Atenciosamente,
Gumercindo

(Incluída em 16/09/2015 às 17:59)

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