Retorna ao índice de Destaques Dívida pública de MG cresceu 40,23%
DÉFICIT ZERO
Aécio articulou manobra fiscal O governador de Minas Gerais, Aécio Cunha (PSDB), anunciou durante o seu primeiro mandato que teria controlado as finanças do Estado e gerado superávit de R$ 221 milhões nas contas. Intensa campanha de marketing foi desenvolvida em todo o país para divulgar o chamado “Déficit Zero”.
No entanto, de acordo com dados do Banco Central, a dívida pública do governo mineiro com o Tesouro Nacional cresceu 40,23% nos últimos quatro anos, o maior aumento entre os Estados brasileiros. De R$ 32,661 bilhões em 2002, a dívida saltou para R$ 46,082 bilhões em 2006.
O doutor em Economia pela Unicamp, Fabrício de Oliveira, disse que a estratégia do governo não passou de uma manobra contábil, feita com o objetivo de mascarar a real situação das contas de Minas Gerais. “O Estado continua incorrendo em elevados déficits nominais e sem conseguir uma solução estrutural para sua dívida, que continua em trajetória de crescimento”, destacou.
Entretanto, a propaganda governamental é outra. Dados do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) apontam que o governo estadual gastou R$ 39,6 milhões com a pasta de Comunicação em 2006.
“O “Déficit Zero” nada mais é do que um jogo de marketing”, avaliou o presidente do Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Estadual de Minas Gerais (Sindifisco/MG), Lindolfo Fernandes de Castro.
Enquanto isso, os investimentos em saúde, segurança pública e educação caíram de R$ 11,6 bilhões para R$ 8,7 bilhões, impactando a vida de milhares de pessoas na capital e no interior do Estado.
“A reforma administrativa do governo mineiro, também chamada de choque de gestão, é uma concepção empresarial que estão tentando impor como modelo de gestão de Estado. Gestão empresarial visa ao lucro e à competição no mercado, ou seja, uma noção totalmente distinta da lógica pública”, explicou o sociólogo Rudá Ricci, membro do Fórum Brasil do Orçamento.
Ele informou que o choque de gestão foi patrocinado por grandes empresas como Gerdau, Votorantim, Companhia Vale do Rio Doce e Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração, que possuem claros interesses de negócios em Minas Gerais, e contribuíram com R$ 3 milhões na campanha de Aécio Cunha em 2002.
“Essas companhias, além da Fundação Brava, pagaram R$ 4 milhões ao Instituto de Desenvolvimento Gerencial (IDG) para desenvolver os métodos gerenciais do governo tucano”, informou Rudá Ricci.
Neoliberalismo mineiro
O neoliberalismo mineiro obedece à cartilha internacional. Para conter a exclusão e a injustiça social: repressão policial e corte nas políticas universais. Para manter o domínio: silenciamento e censura à imprensa.
Para privilegiar empresários, banqueiros, amigos e possibilitar o repasse de recursos públicos a grupos privados: sucateamento, privatização, arrocho salarial e caixa dois. E para fechar a equação: marketing, muito marketing.
As denúncias permitiriam encher os jornais diariamente, mas não é o que acontece. Os donos da mídia mineira freqüentam as rodas do Palácio da Liberdade, enquanto os jornalistas sofrem com a censura que vem de cima.
Graças a uma base aliada na Assembléia Legislativa de 60 parlamentares, de um total de 77, o governo tucano ainda tem a primazia da edição de leis delegadas. Não se furtou a fazer uso delas para o que precisasse. Até janeiro deste ano, já foram mais de 100.
Em 2005, os gastos com publicidade extrapolaram em 520% o previsto no orçamento. Publicidade para mascarar, para omitir, para distorcer, para preparar a repressão, para renomear políticas nacionais e fazer muito barulho em cima de muito pouco.
Os Estados são obrigados a aplicar 12% de seu orçamento em saúde. O governo mineiro aplicou, em 2006, apenas 5,72%. Em compensação escolhe alguns hospitais estaduais, pinta, reforma, maquia e chama toda a imprensa amiga e conivente para fazer a política de compadrio.
Igual tratamento, o da política de exceção, recebe a educação, onde encontramos 70 mil professores e professoras designados, sem direitos trabalhistas.
O marketing da Cemig sobre “a melhor energia do mundo”, dos mais belos e convincentes, esconde o descalabro das famílias atingidas por barragens, a precarização do trabalho, a terceirização, o repasse de fortunas para acionistas estrangeiros e a destruição do meio ambiente.
Esconde o sofrimento de milhares de famílias que têm boa parte do orçamento consumido pela conta de energia, afinal, os consumidores residenciais pagam seis vezes mais que as indústrias. Esconde que os mineiros pagam uma das tarifas mais caras do Brasil, 42% a mais que os paulistas, por exemplo.
Tudo isto para beneficiar, entre outras, as mesmas indústrias que compõem a cadeia suja da economia mineira: siderurgia, mineração e celulose. As mesmas que pagaram para eleger o governador.
Fica claro que isso tem um único motivo: Aécio quer ser presidente do Brasil.
Mas não será fácil, se depender do povo consciente do nosso Estado, pois Minas pede: “Liberdade, ainda que tardia”!
Fonte: Novo Jornal. (Incluída em 10/05/2007 às 09:20)
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