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Congresso reprova próprio desempenho

POLÍTICA

Enquete feita com deputados federais e senadores mais influentes mostra que eles não estão contentes com os trabalhos no parlamento

BRASÍLIA - Desgastado diante da opinião pública por sucessivos escândalos e pela complacência com a impunidade, o Congresso Nacional é reprovado por sua própria elite. Enquete feita pela Agência O Globo com 59 parlamentares da lista dos 100 mais influentes mostra que deputados e senadores reconhecem que o desempenho da atual legislatura, que começou em fevereiro disposta a melhorar sua imagem, está longe de atender aos anseios da sociedade. Na média das notas conferidas, o parlamento obteve apenas nota 5,4; em uma escala de zero a 10. Entre os pontos negativos, os entrevistados apontaram a submissão à agenda do Executivo e as denúncias contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Considerandose apenas as notas dadas pelos 46 deputados ouvidos, que este ano estão vendo a crise política de camarote, a avaliação continua baixa: 5,6. Mas apenas sete deles deram nota abaixo de 5. Já os 13 senadores ouvidos foram mais rigorosos. Traumatizados pelo processo envolvendo o presidente da Casa, que se arrasta há mais de cem dias, os senadores atribuíram em média nota 4,75 para a legislatura.
Poder
O universo considerado da enquete foram os 100 parlamentares listados como "Cabeças do Congresso" pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap). Entre os 46 deputados ouvidos, as duas melhores notas foram dadas pelo presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PTSP), e pelo líder do governo, José Múcio Monteiro (PTB-PE): nota 8. Ambos, contudo, apesar de a avaliação pedida referir-se às duas Casas, preferiram avaliar apenas a Câmara. Chinaglia e Múcio destacaram, entre os projetos aprovados, na análise dos aspectos positivos, as medidas do Plano de Crescimento Econômico (PAC), apontadas pela maioria dos entrevistados.
Chinaglia citou ainda, como ponto positivo, a retomada do ritmo de votações, a presença maciça nas sessões e a economia de R$ 8 milhões no semestre passado com o corte de passagens, diárias e horas extras. Como ponto negativo, o presidente da Câmara, que encabeça a lista dos mais influentes, citou um problema apontado pela maioria dos consultados: o excesso de medidas provisórias enviadas pelo Executivo, que atravanca a pauta de votações das duas Casas. Reclamação feita, de forma indistinta, por oposicionistas e governistas.

As piores notas da enquete foram dadas por parlamentares de oposição. Na Câmara, Fernando Gabeira (PV-RJ) deu nota 2 ao desempenho da Casa e disse que a única vantagem desta legislatura era o fato de o Congresso existir "mesmo com todos os defeitos e a mediocridade dos debates". No Senado, o desapontamento maior vem do ex-governador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que retorna à Casa depois de 20 anos. "Nota próxima de zero. De positivo, apenas o pacote de segurança que votamos no Senado", lembrou Vasconcelos. A líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), tinha na ponta da língua matérias importantes que foram votadas pelos senadores, apesar da crise Renan. Por isso, deu nota 7.O colega Aloizio Mercadante (PT-SP) concorda e lista outros projetos, entre eles o da inclusão digital nas escolas públicas do país, mas não quis dar nota. Somou-se a vários outros ao lamentar o fracasso da reforma política. "Ela (reforma) é imprescindível ao país e ajuda a prevenir as crises recorrentes". (Agência O Globo)

Fonte: Estado de Minas
(Incluída em 10/09/2007 às 09:10)

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