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Começa a operação abafa

SENADO

Renan monta estratégia para liquidar de forma rápida os três processos que ainda restam no Senado. Idéia é juntar todos num só e rejeitar de uma vez as denúncias no Conselho de Ética

Brasília – Terminou o inferno astral do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que completou 52 anos ontem. A data foi comemorada em grande estilo, em Murici, reduto eleitoral do pe-emedebista. Renan pretende voltar a Brasília ainda hoje, de olho na próxima reunião do Conselho de Ética, para iniciar uma espécie de “operação abafa”. Depois de ser absolvido por 40 votos a 35 e seis abstenções, em votação secreta, o presidente do Senado acredita que chegou a hora de pôr um ponto final nos três processos por quebra de decoro parlamentar que ainda restam contra ele. A idéia é juntar todos num só processo e rejeitar as denúncias no Conselho de Ética.

Virginiano, Renan é detalhista, afeito à rotina, trabalha para conquistar os votos necessários no conselho, da mesma forma como fez para obter sua absolvição. Foi vitorioso no plenário do Senado porque não deu um passo maior que a perna, fez um plano rigoroso de defesa e cumpriu à risca cada etapa. Sua intervenção permanente no processo, como presidente do Senado , provocou polêmicas e protestos, mas garantiu a absolvição. Agora, Renan cobra uma postura mais firme dos aliados da base governista para liqüidar com os demais processo no Conselho de Ética. Argumenta que o assunto é uma reprise da tentativa de afastá-lo do cargo para colocar um senador da oposição na presidência do Senado.

O presidente do Conselho de Ética, senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO), aliado de Renan, deve anunciar o cronograma de trabalho da comissão até amanhã. Ele só aguarda o parecer do relator do segundo processo por quebra de decoro parlamentar, senador João Pedro (PT-AM). O processo foi originado por representação do PSOL e baseado em denúncias da revista Veja. Renan teria intercedido a favor da Schincariol para quitar dívidas junto ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e à Receita Federal depois de a cervejaria comprar, por R$ 27 milhões, uma fábrica de refrigerantes de seu irmão, o deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL). A fábrica estaria prestes a fechar e não valeria mais do que R$ 10 milhões.

O relator do caso, o petista João Pedro (AM) — suplente do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento (PR) —, promete entregar seu relatório até amanhã. “Já avisei ao senador Quintanilha que pretendo entregá-lo no início da semana. Cabe, agora, a ele, marcar a reunião para terça, quarta ou quinta”, afirma. Embora tenha evitado antecipar sua opinião sobre se houve ou não quebra de decoro parlamentar por parte de Renan, João Pedro pretende apresentar um relatório conclusivo, baseado nas alegações apresentadas pelas partes, o PSol e o presidente do Senado.

POLÊMICA João Pedro quer evitar que se repita a polêmica que ocorreu na denúncia anterior, na qual Renan foi acusado de recorrer a um lobista da Mendes Junior para a pagar a pensão da sua filha com a jornalista Mônica Veloso. “O meu relatório deverá nortear um debate e, dessa discussão, deve sair a necessidade de se ouvir outras pessoas ou de se fazer uma perícia, assim como foi na primeira representação. Aí eu faria um outro relatório depois “, explica João Pedro. Renan, porém, quer evitar a convocação de testemunhas e a realização de novas perícias e investigações, restringindo a discussão aos documentos já em poder da comissão.

A grande reviravolta no caso, entretanto, pode vir de uma decisão do presidente do Conselho, Leomar Quintanilha: reunir num só processo o caso Schincariol e as outras duas denúncias. Uma aguarda designação de relator e a outra espera deliberação da Mesa do Senado para ser ou não encaminhada ao colegiado. João Pedro defende esse procedimentos por entender que será “melhor para o Senado e para os trabalhos no Conselho de Ética”. Na avaliação dos aliados de Renan, as denúncias “perderam a força” com a absolvição no primeiro processo. “Não temos mais condições de ficar por mais um longo período avaliando as outras denúncias porque há questões urgentes na nossa pauta, como a CPMF, as reformas e o Orçamento”, argumenta o senador Gilvam Borges (PMDB-AP).

Fonte: Estado de Minas
(Incluída em 17/09/2007 às 08:10)

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