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Colega do TJ passa por momentos de aflição

TESTEMUNHO

O SERJUSMIG vem se solidarizar com o colega Cláudio Rodrigues de Paula que, no dia 10/2/2011, foi tratado com truculência e preconceito por um membro da Polícia, em razão de ser portador da credencial de deficiente físico, tendo ficado detido até a madrugada. A situação vivida por Cláudio retrata, parcialmente, os percalços pelos quais passam nossos colegas que possuem limitações físicas, assim como é um testemunho de que, em nossa sociedade, ainda há muitos “profissionais” que embasam ações em visões distorcidas e preconceituosas. Estamos no Século XXI. Sabemos que quaisquer serviços públicos, principalmente voltados à Justiça e à segurança são essenciais. Fatos como este vivido por Cláudio são lamentáveis, pois a atitude ruim de um único profissional pode denegrir a imagem de toda uma categoria que tem, em seus quadros, muitos bons profissionais. Por isso, é essencial detectar e afastar “laranjas estragadas”. Confira, a seguir, o desabafo de nosso colega..

“Meu nome é Cláudio Rodrigues de Paula, sou funcionário do TJMG, matrícula 10245456. Atualmente, estou lotado na 2ª Vara Cível da Capital. Como possuo deficiência física, ocupo uma vaga específica, de acordo com as peculiaridades de minhas limitações pessoais (sou servidor público estadual, credenciado como deficiente, desde 2002). A credencial de deficiente físico me permite, por exemplo, utilizar vagas especiais nos estacionamentos. Isso, entretanto, não foi levado em conta na noite de 10 de fevereiro deste ano, quando fui abordado por um Policial. Indignado com os constrangimentos que me foram impostos, descreverei, a seguir, o que me ocorreu. Na já citada data (10/2), como de costume, eu saí do trabalho às 18h, indo para a escola, onde curso Direito (a Faculdade Novos Horizontes, Unidade Santo Agostinho). Na Faculdade, parei meu carro na porta, numa vaga especial, colocando minha credencial no capô do veículo. Precisei retornar, a fim de buscar um caderno (por volta das 21h). Ao chegar ao carro, fui surpreendido por um Policial de trânsito. O agente me abordou, perguntando porque motivo meu veiculo estava naquela vaga (de deficiente físico). Então, apresentei a ele minha credencial. Com uma postura de “poucos amigos”, o policial exigiu documentos do carro e habilitação, o que entreguei de pronto.

Mas o constrangimento e a truculência prosseguiram. Após pegar meus documentos, o policial me disse que ‘na opinião dele eu não era deficiente físico’, pois não ‘aparentava’ nenhuma deficiência. Na sequência, sentenciou que ia verificar minha credencial (insinuando que ela devia ser falsa); e que eu estava detido ‘para averiguações’. Durante a abordagem, eu quis chamar um professor de Direito, acreditando que isso pudesse ajudar a elucidar mal-entendido. O policial, porém, proibiu-me de fazê-lo, alegando que eu não ‘poderia deixar o local’ (como se fosse uma cena de crime). Para resumir: meu veículo foi rebocado, eu fui colocado no camburão (não sem antes sofrer uma ‘revista’) e fui parar na delegacia, sem nenhum motivo que justificasse. Ao chegar à Delegacia, ainda tive de ouvir piadinhas insinuando que eu era ‘ falsário ocupando vaga de deficiente físico’. Lá, permaneci detido até a meia noite (sem motivo ou justificativa plausível). No local e no momento, não havia delegado presente. Saliento que sou pai de família, resido em Nova Lima, trabalho e estudo, a despeito de minhas limitações.

Ao fim do lamentável ocorrido, lavrado no Boletim de Ocorrência (BO) nº 1043767, fiz questão de perguntar ao policial que iniciara tudo aquilo, qual a razão de eu ter sido detido, e de permanecer naquela delegacia até aquele horário. Ele, simplesmente, respondeu que tudo o que tinha acontecido era de minha inteira responsabilidade. Como assim? Que crime eu cometi? Por isso, venho até o SERJUSMIG, a fim de para manifestar minha indignação e repúdio a esta atitude. Isso é um testemunho de falta de qualificação e de treinamento daquele Policial que iniciou a ocorrência. Se ele tivesse um pouco de sensibilidade e/ou treinamento adequado, colocaria um ponto final logo no inicio da abordagem. Afinal, a credencial apresentada a ele é original, ele ligou para a Central de Policia (checando que havia credencial emitida em meu nome). Mesmo assim, insistiu em levar o caso até a Delegacia, colocando-me em situação constrangedora, embaraçosa e que nada condiz com o senso de justiça e seguridade. Agradeço ao SERJUSMIG pela oportunidade de fazer este desabafo, e espero que outras pessoas não passem pelo que passei. Muito obrigado.”


(Incluída em 13/04/2011 às 16:45)

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