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Servidores nas ruas

Uma expressiva manifestação marcou a manhã de ontem de centenas de servidores municipais, funcionários de autarquias, lideranças partidárias e comunitárias, que foram para a Praça da Estação, onde realizaram um ato público contra o que chamam de péssimas condições de trabalho e descaso da Prefeitura para com o trabalhador . Cerca de duas horas depois, os manifestantes subiram em passeata pela Rua Bahia, seguindo pelas avenidas Amazonas e Afonso Pena, onde se concentraram na porta da sede da PBH. Lá realizaram mais uma manifestação, que contou com uma alegre festa junina, a São Nunca Mais Pimentel , com quadrilha, barraquinhas de palhaço, argolas, brindes, caldos de feijão e frango. A pimenta foi tema da festa, em vários tamanhos, cores e formatos, fazendo uma referência ao prefeito Fernando Pimentel.

Organizada pelos sindicatos dos trabalhadores da educação (professores e servidores escolares), em empresas de assessoramento (BHTrans e Urbel) e pelo Sindbel, que congrega, entre outros, os empregados da SLU, a manifestação de ontem teve grande apoio de várias comunidades e movimentos populares, pois a situação da população é a mesma dos servidores, sem salários, e sem expectativa de melhoria , disse Robson Itamar, presidente do Sindbel. Estamos trabalhando sem a menor infra-estrutura e com a falta de valorização da categoria, e a Prefeitura não está preocupada em definir políticas para os servidores. Nossa negociação está parada. O prefeito nunca nos recebeu, nunca quis negociar nossas reivindicações. Nunca aceitou os movimentos sociais; manda projetos para a Câmara Municipal sem nenhuma discussão com as bases.

Durante os debates, a servidora Luzia Margarida Barbosa Reis, 53 anos, auxiliar de enfermagem, confirmou que foi agredida no Posto de Saúde Nossa Senhora Aparecida, no Bairro São Lucas, onde trabalha. Somos agredidos verbalmente todos os dias, mas ontem (terça-feira), recebi um chute nas costas, porque não tinha como atender a paciente que era de outra área. Fiz uma ocorrência policial e não recebi nenhuma ajuda da Secretaria Municipal de Saúde, para quem trabalho. Essa é a segunda agressão a servidores do posto.

Durante o ato público, as lideranças leram uma carta do secretário de Saúde Helvécio Magalhães, que ameaçava os servidores de corte do ponto caso faltassem ao serviço para comparecer à manifestação. As chefias dos garis estiveram no local tentando, segundo Robson Itamar, retirar os servidores da manifestação.

Gilberto Márcio Pires, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Assessoramento, Pesquisas, Perícias e Informações no Estado de Minas Gerais (Sintappi), lembrou que os servidores da BHTrans estão em greve desde o dia 12, e as negociações estão paradas. Estamos pedindo um índice de 68% de reajuste e eles oferecem de contrapartida 3,34%. A equiparação salarial com os fiscais da Prefeitura também nos foi negada, assim como o reajuste sobre benefícios como tíquete-refeição e reembolso odontológico. A adesão à greve hoje, na área operacional, é de 95%, e na administrativa, 30%.

Os educadores do município também aderiram ao movimento de ontem, reclamando especialmente do abono que a PBH quer conceder à categoria, no valor de R$ 200 anuais, através de projeto enviado à Câmara Municipal. Não houve uma única discussão com a categoria (professores), que é a que tem maior índice de adoecimento de todo município: 50% dos trabalhadores já sofreram ou sofrem de algum distúrbio mental, segundo pesquisas da UFMG. O abono, além de ser inexpressivo, inclui condicionantes absurdas, dentre elas o aumento da jornada de trabalho , reclama a diretora do Sindrede, Cláudia Mendes.

O secretário municipal adjunto de Recursos Humanos, Fernando Nogueira, recebeu representantes do Sindibel, Sindirede e Sintappi e foi marcada uma nova reunião para o dia 29 de junho.

Fonte: Jornal Diário da Tarde.
(Incluída em 22/06/2006 às 08:35)

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