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Greve reduz atendimento

CONTAGEM

A greve dos servidores da saúde obriga acompanhantes de pessoas internadas a trabalhar como enfermeiros no Hospital Municipal de Contagem (HMC), na Grande BH. Há 15 dias, filhos, mães, irmãos e outros parentes de pacientes se revezam para dar banhos, fazer curativos, trocar fraldas e soro nos leitos, sem o amparo de profissionais preparados para a função. “Estamos absurdamente preocupados com o que está acontecendo. Esperamos que isso acabe com urgência”, disse ontem o diretor técnico do hospital, Leonardo Machado. Fundado em 2003 e localizado na Avenida João César de Oliveira, no Eldorado, o HMC é considerado uma unidade de referência na região metropolitana.

Nos últimos dias, cumpre às avessas a missão de “promover a saúde (…) de forma humanizada, (…) fortalecendo a participação do trabalhador e do usuário na gestão”, conforme mensagem afixada em uma placa na entrada principal. Na manhã de ontem, apenas cinco enfermeiros foram trabalhar no setor de Clínica Médica, que funciona normalmente com o dobro desse efetivo. Segundo o Sind-Saúde, 4,5 mil servidores da saúde do município (como motoristas, auxiliares de enfermagem, psicólogos e fisioterapeutas ) trabalham em escala mínima, nos serviços de urgência.

Acompanhantes temem as conseqüências dos erros cometidos por falta de experiência na hora de tratar dos parentes. “Um dia, a água do oxigênio acabou e o neto da paciente colocou água da pia no lugar. Sorte que eu vi e mostrei que tem um produto só para colocar ali, não pode ser de qualquer jeito”, disse a aposentada Sônia de Fátima Silva, de 49 anos, que não sai do lado da mãe, a aposentada Aidê das Dores Martins, de 73, internada depois de sofrer dois derrames e um infarto. “Tenho que dar banho, trocar a roupa, fazer curativo, tudo. Se não fizesse, ela ficava do mesmo jeito que estava na cama”, afirmou.

Mosquitos voando próximo aos quartos, típicos de lugares com mau cheiro, são reflexos do descaso. A solidariedade de outros acompanhantes diminui a dor de quem não tem companhia. Caso de Maria do Amparo, de 83, que não tomava banho desde sexta-feira. Na segunda-feira, parentes de colegas de quarto resolveram cuidar dela. Ontem, a família da paciente contratou Tatiane Leopoldina da Mata, de 22, para cuidar da mulher.

ERROS Há três anos, ela trabalha como acompanhante de idosos, em troca de um salário mínimo. “Nunca tinha visto nada parecido com esse hospital. As pessoas não são tratadas como seres humanos”, reclamou Tatiane. Há o temor de que a falta de profissionais resulte em erros na hora de medicar os pacientes. Segundo os acompanhantes, às 14h de ontem, remédios que deveriam ser distribuídos ao meio-dia não tinham chegado. O atendimento era precário não apenas para quem já estava internado. Mais de 24 horas depois de ser atropelado quando ia de bicicleta para o trabalho, os ferimentos nas pernas do operador de manutenção Natalino Lobato, de 20, não tinham sido lavados.

“Ontem (segunda-feira), o irmão dele teve que dar banho, enquanto Natalino vomitava sangue”, disse a manicure Sueli Oliveira Porto, de 30, que aguardava a transferência do cunhado para a Santa Casa de Misericórdia, em BH. Com traumatismo craniano, ele sentia fortes dores na cabeça.

Fonte: Jornal Estado de Minas.
(Incluída em 09/05/2007 às 08:45)

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