Retorna ao índice de Giro Sindical Greve prejudica mais de 140 mil
METRÔ
Belo Horizonte teve ontem um dia de transtornos no transporte público. Devido à greve dos metroviários, iniciada durante a madrugada, houve enormes filas de passageiros à espera de ônibus e congestionamentos nas principais avenidas que ligam as regiões Norte, Nordeste e Venda Nova ao Centro. Mais de 140 mil pessoas que dependem diariamente dos trens urbanos foram prejudicadas com a paralisação e obrigadas a usar outros meios de transporte. Hoje, a categoria promete permanecer de braços cruzados, sem manter sequer a escala mínima. O esquema montado para ampliar o quadro de horários de coletivos e estender o itinerário de várias linhas continua em vigor.
Três estações do MetrôBH, as que recebem o maior número de passageiros, foram as mais tumultuadas no primeiro dia da greve. Na Estação BHBus Eldorado, em Contagem, na região metropolitana, 23 mil pessoas foram obrigadas a se deslocar até o Centro de ônibus, que tiveram o número de viagens aumentado em até 70% nos horários de pico da manhã e fim da tarde. Na Estação BHBus São Gabriel, na Região Nordeste, 17 mil pessoas foram afetadas pela paralisação e, na Estação Vilarinho, em Venda Nova, esse número chegou a 10 mil.
Surpreendido pela greve, o estudante de música Leonardo Mendonça, de 35 anos, não teve condições de seguir até o Centro por falta de dinheiro para a passagem do ônibus. “Saí de casa só com o passe do metrô e vou perder minha aula. A população está sendo punida pela falta de acordo entre os empregados e os patrões, e isso é muito injusto”, disse. Atrasado, o porteiro Euler Ferreira, de 45, estava revoltado. “Corro o risco de perder meu emprego por causa da greve. Isso é uma falta de respeito com os passageiros, que não têm direito de protestar pela baixa qualidade do serviço prestado”, contou.
A paralisação, prevista para durar até as 23h59 de hoje, foi acertada, na semana passada, em assembléia da categoria, que está em negociação com a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) há cerca de um mês. A lista de reivindicações do Sindicato dos Empregados em Empresas Metroviárias de Minas Gerais (Sindmetro-MG) tem 19 pontos pendentes, entre eles o aumento do piso salarial de R$ 573 para R$ 800, a criação do plano de cargos e o pagamento integral pela empresa do plano de saúde dos funcionários. “Fizemos uma greve de advertência como forma de pressionar a empresa e o governo a atender nossos pedidos”, explicou o diretor-executivo do Sindmetro-MG, Raimundo Bartolomeu.
A CBTU, que na sexta-feira comunicou a possibilidade de greve ao Ministério Público do Trabalho, avalia como ilegal a paralisação total. “O movimento é radical e precipitado, pois as negociações ainda estão em andamento em Brasília. Eles eram obrigados a manter a escala mínima e, como isso não foi respeitado, correm risco de ser punidos pela Justiça”, alertou o superintendente do MetrôBH, João Ernani Costa.
Uma audiência no fim da tarde de ontem, na sede do Ministério Público do Trabalho, em Belo Horizonte, terminou em impasse. Os metroviários alegaram que a greve é por tempo determinado e que não havia condições de convocação de uma assembléia da categoria para definir a questão da escala. No entanto, o procurador do Trabalho Antônio Carlos Pereira disse que avaliaria a possibilidade de entrar com uma medida cautelar para exigir o cumprimento da tabela mínima de 30% do quadro de funcionários. Até o fechamento desta edição, ele não havia se pronunciado.
CONGESTIONAMENTOS Além do grande movimento nos pontos de ônibus, a população precisou de uma dose extra de paciência para enfrentar os congestionamentos formados no início da manhã e à noite em várias avenidas, como a Cristiano Machado, Via 240, Dom Pedro I e Antônio Carlos. Em alguns pontos mais críticos, como no cruzamento da Cristiano Machado com o Anel Rodoviário, no Bairro Palmares, trecho em obras da Linha Verde, a fila de carros chegou a três quilômetros, segundo a BHTrans, no sentido bairro/Centro.
O esquema montado ontem pela BHTrans e pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER) para tentar reduzir o impacto da paralisação será mantido hoje. Além de ampliar o quadro de horários e estender o itinerário da linha 80 (Estação São Gabriel/Avenida Cristiano Machado), todas as demais estão autorizadas a aumentar o número de viagens de acordo com a demanda. Quatro linhas (1162, 1167, 1156 e 1007) que ligam a Estação Eldorado, em Contagem, ao Centro também terão reforço de 70%. Aquelas que fazem apenas a ligação com o metrô contarão com 15 ônibus extras.
Fonte: Jornal Estado de Minas. (Incluída em 23/05/2007 às 08:35)
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