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Protesto suspende perícias do INSS

GREVE

Muitas pessoas que dependem de perícia para se aposentar tiveram que voltar para casa, ontem, porque encontraram os postos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) fechados. A greve de dois dias atingiu todas as 1,4 mil agências do país, segundo balanço da Associação Nacional dos Médicos Peritos da Previdência Social (ANMP). Até hoje, o atendimento de cerca de 70 mil segurados será prejudicado no Brasil, 10 mil deles em Minas.

A paralisação é um protesto pela morte do médico José Rodrigues de Souza, de 61 anos, assassinado na manhã de terça-feira, com um tiro na cabeça, em Patrocínio, no Alto Paranaíba, a 402 quilômetros de Belo Horizonte, pelo desempregado Manoel Rodrigues de Andrade, de 60, que teve o pedido de aposentadoria negado pela vítima. O ministro da Previdência Social, Luiz Marinho (PT), anunciou a instalação de detectores de metal nas agências do INSS no país. Cerca de R$ 30 milhões serão investidos na compra de alarmes e restruturação das unidades, como a construção de saídas de emergências

O vice-presidente da ANMP, Eduardo Henrique Rodrigues de Almeida, cobrou postura mais clara do governo na divulgação dos direitos previdenciários da população. “Não adianta apenas instalar portas de metal nas agências, se as pessoas não compreenderem o papel do INSS. Há aqueles que não contribuem com o instituto e vão indignados às agências cobrar um benefício ao qual não têm direito. Muitos confundem o INSS com o Sistema Único de Saúde. Além de equipamentos de segurança, é necessário uma campanha que esclareça a população sobre seus direitos previdenciários”, afirma. Ele acrescenta que a violência contra médicos peritos é uma situação generalizada e que, até ontem, foram registradas 45 agressões a profissionais no Brasil este ano. É urgente aplicar medidas de segurança nas agências do INSS no país.”

Também informou que a Previdência aumentou o rigor na concessão de benefícios desde 2006. “Na verdade, as normas, que sempre existiram, estão sendo cumpridas e a população já havia se habituado com o sistema anterior”, diz. Ele acrescenta que havia cerca de 3,5 mil médicos credenciados no país, além dos 2 mil concursados. “Os profissionais credenciados recebiam pela quantidade de atendimentos e, com isso, era mais fácil conseguir um benefício. Eles atendiam em seus consultórios particulares e não tinham o treinamento dos peritos do INSS”, frisa.

Almeida diz que em 2001 o custo do auxílio-doença, um dos benefícios mais procurados, ficou em R$ 2 bilhões. “Já em 2004, o valor subiu para R$ 9 bilhões e, em 2005, foi de R$ 12,5 bilhões. A situação se tornou incontrolável e, em fevereiro de 2006, foram extintos todos os contratos de médicos credenciados. Havia vários vícios do modelo e, agora, a situação mudou.”

SEM CONSULTA Quem sofre com a falta de atendimento é a população. O setor de perícias das nove agências do INSS em Belo Horizonte não funcionou. O pedreiro Vander Rizzon, de 36 anos, tinha perícia marcada para as 13h40, mas teve que entrar em outra fila e remarcar a consulta. “Não sei se está certo ou errado, mas essa greve só atrasa a vida da gente. Há três meses estou afastado e preciso pelo menos conseguir o auxílio-doença. Agora, vou ter que voltar outro dia”, reclama.

Na mesma agência da Previdência, na Rua Espírito Santo, no Centro, o operador de máquinas Sidalino Prata Vieira, de 58, também esperava atendimento, mas voltou para casa sem a consulta. “Teria que retornar ao trabalho, mas não tenho condições. Por isso, preciso de um perito que avalie minha situação. O jeito é ir embora”, diz. Desde setembro, a balconista Maria José Aparecida Braga, de 47, está afastada do trabalho. Ela fez uma cirurgia na mão e tem urgência em receber o auxílio-doença. “Mas, por causa da paralisação, vou ter que esperar ainda mais”, afirma.

Segurança será reforçada

A segurança na agência em que José Rodrigues trabalhava foi reforçada ontem, com a instalação de uma campainha luminosa e sonora, a primeira entre os 153 postos do INSS em Minas. O equipamento que poderia ter salvado a vida do médico é uma antiga reivindicação da categoria, pois permite que o perito a dispare, quando se sentir ameaçado por algum paciente, chamando a atenção da vigilância.

Outra antiga demanda da classe, as portas com detectores de metal serão instaladas em todas as agências do órgão nas próximas semanas. O anúncio foi feito pelo ministro da Previdência Social, Luiz Marinho (PT), na noite de terça-feira, em Patrocínio, durante o velório de José Rodrigues. A gerente substituta dos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo, Maria Alice Rocha Silva, que acompanhou o ministro no Alto Paranaíba, disse que esse equipamento vai ser instalado em todos os postos mineiros em até 60 dias.

“Acredito que, em dois meses, as 246 agências dos três estados estejam com os detectores de metal. Em Belo Horizonte, o primeira será instalado no posto do Bairro Padre Eustáquio”, acrescentou. Ela lamentou a tragédia na agência de Patrocínio, que não atendeu perícias ontem, mas abriu as portas para os outros serviços: “Cerca de oito perícias são realizadas diariamente aqui. As marcadas para hoje foram reagendadas. Com a morte do doutor José Rodrigues, só um perito trabalha no local. Já requisitamos a vinda de mais um profissional. Ele é de Coromandel e ficará, temporariamente, até que seja designado o efetivo”, completou.

LUTO A faixa de luto na entrada da agência vai demorar a ser esquecida pelos moradores da cidade. O segurança que presenciou o homicídio esteve no local ontem, mas, abalado, tirou alguns dias de descanso. Já o delegado Carlito Inácio Pires, responsável pelo caso, pretende ouvir o réu confesso novamente. Manoel Rodrigues continua detido na cadeia municipal e pode ser condenado a pena de 12 a 30 anos de prisão, pois o crime foi premeditado.

Fonte: Jornal Estado de Minas.
(Incluída em 01/06/2007 às 09:00)

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