Retorna ao índice de Giro Sindical SP pode ter 1ª greve geral de cortadores de cana em 21 anos
CORTADORES DE CANA
Entraves na negociação salarial com usineiros ameaçam levar 120 mil cortadores de cana do Estado, o equivalente a 70% do total, a iniciar uma greve geral. O alerta é da Feraesp (Federação dos Empregados Rurais do Estado de São Paulo).
A última greve geral de bóias-frias, com pauta unificada, aconteceu em 1986, começando por Leme e se espalhando por todas as regiões canavieiras do Estado. A mais famosa ocorreu dois anos antes, começando em Guariba. Em todos os anos, há paralisações descentralizadas, a maioria motivada por reivindicações pontuais.
Ontem, parte dos trabalhadores da usina Santa Cruz, de Américo Brasiliense, aderiu ao movimento grevista, elevando para três o número de usinas cujos cortadores estão de braços cruzados. A Folha encontrou 150 trabalhadores da usina andando no meio do canavial, jogando baralho e dominó ou chupando cana. Eles disseram que só voltam ao trabalho se a usina elevar o salário deles.
Já estavam paradas as usinas Zanin, de Araraquara, e São Francisco, de Sertãozinho.
Juntas, as três usinas têm cerca de 2.500 trabalhadores parados, segundo a Feraesp, ou menos de 2% dos 170 mil trabalhadores do Estado. As usinas calculam em menos de 500 cortadores parados.
Estado de greve
Outras três usinas entraram em estado de greve ontem, segundo a Feraesp: Santa Adelaide, de Dois Córregos; Ruete, de Catanduva; e Serra, de Ibaté.
Élio Neves, presidente da Feraesp, prevê novas paralisações para esta semana. "Se não houver um processo de negociação estadual urgente que traga nivelamento do salário e das condições de trabalho para melhor, não por baixo, a tendência é a categoria paralisar o setor."
A Feraesp, ligada à CUT, reivindica piso de R$ 1.600 (hoje é, em média, R$ 450), carga horária máxima de 30 horas semanais (hoje é em torno de 44), fim do pagamento por tonelada cortada (querem por metro), assistência médica e social, horário de descanso e refeições, mais segurança no trabalho e no transporte.
A Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar) informou que não comentaria o assunto.
Fonte: Jornal Folha de São Paulo. (Incluída em 14/06/2007 às 09:15)
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