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Paralisação suspende cirurgias e consultas

SAÚDE PÚBLICA

A saúde pública enfrenta paralisações de servidores municipais e federais, com prejuízos para a população. No Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), devido à greve dos funcionários técnico-administrativos, o setor de internação opera com apenas metade de sua capacidade, o equivalente a 800 atendimentos. A redução do número de cirurgias já marcadas – cerca de 2 mil ao mês custeadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) –, também é de 50%. Em alguns ambulatórios, pacientes não conseguem consultas de retorno. Nas áreas de oftalmologia e otorrinolaringologia, só são atendidos os casos de urgência.

Segundo a enfermeira Sílvia Cristina de Souza, o impacto é grande. “Na UFMG, quem não é professor ou aluno é funcionário técnico-administrativo. Muitos médicos não pararam, mas boa parte dos enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem e raio X, responsáveis pela assistência aos doentes, aderiu ao movimento”, afirma. Ela argumenta que os servidores debatem também assuntos de interesse da sociedade. “Um dos principais itens é nossa luta contra a transformação dos hospitais universitários em fundações estatais de direito privado. Se isso ocorrer, os pacientes do SUS vão ser muito prejudicados”, adverte.

Com lágrimas nos olhos, o motorista Joaquim da Silva Pereira, de 52 anos, já se sente bastante lesado. “Minha menina está com um tumor na cabeça e é a segunda vez que viajamos de Santa Bárbara do Oeste para tentar marcar a cirurgia e voltamos decepcionados”, lamenta. Sentindo muita dor, o aposentado João Castelo Branco, de 78, também não conseguiu marcar sua operação de próstata. “Já puseram a sonda e estou sentindo muita dor. Todo trabalhador tem direito de fazer greve, mas a população não pode pagar por isso”, reclama.

Conforme o Sindicato dos Servidores nas Instituições Federais de Ensino de Belo Horizonte (Sindifes- BH), a greve será mantida por tempo indeterminado. Até agora não há proposta do governo federal para evolução da tabela salarial dos funcionários. Em todo o país, das 52 universidades federais, 46 aderiram ao movimento, o que equivale a cerca de 80% dos 152 mil servidores. “Não há previsão de término da greve, porque as negociações não avançaram”, afirma uma das coordenadoras do movimento na UFMG Cristina del Papa.

NEGOCIAÇÃO E os problemas na saúde pública serão maiores a partir de terça-feira, quando está prevista paralisação dos servidores municipais. Esse é o resultado da última rodada de negociação entre a Prefeitura de Belo Horizonte e os profissionais da rede. Em reunião com o Sindicato dos Médicos de Minas Gerais (Sinmed MG), a administração ofereceu reajuste imediato de 15,7% para todos os níveis, bem como incorporação de abonos de plano de carreira. Por unanimidade, a categoria recusou a proposta por considerá-la incapaz de promover o cumprimento de sua principal reivindicação: a complementação dos quadros de pessoal nos plantões dos centros de saúde e unidades de pronto atendimento.

Ainda que de forma escalonada, os servidores não abrem mão da equiparação dos vencimentos ao piso da Federação Nacional dos Médicos (Fenam). Atualmente, o médico que ingressa na rede municipal ganha cerca de R$ 1,7 mil e pouco mais de R$ 400 em abonos. Para atingir o patamar salarial da federação, a remuneração teria que aumentar cerca de 70%. “O reajuste é alto, mas corresponde à recomposição das perdas dos últimos 10 anos. Concordamos em dividir esse percentual, desde que tenhamos datas e valores concretos”, afirma o diretor do Sinmed MG Fernando Luiz de Mendonça.

DATAS O secretário municipal de Saúde, Helvécio Miranda Magalhães Júnior, se diz espantado com a recusa do sindicato. Primeiramente, afirma que as datas dos três próximos aumentos foram fixadas. “A previsão era de que os reajustes fossem concedidos em dezembro deste ano, junho e novembro de 2008. A decisão de não fixarmos os percentuais foi acertada com a própria diretoria do sindicato, com posterior aprovação da assembléia.”

A prefeitura, explica Helvécio, tem interesse em resolver o impasse com uma agenda de medidas ágil e permanente, principalmente porque o projeto tem de ser enviado à Câmara Municipal e os vereadores vão entrar em recesso. “Mas, definitivamente, não podemos aceitar represália para pressionar o poder público, que tem leis, inclusive a de responsabilidade fiscal, a cumprir. Não discutimos valores a mais ou a menos para ter lucro. Negociamos com base na arrecadação e destinação dos recursos e a Saúde recebe hoje cerca de 20% do total”, diz.

Fonte: Jornal Estado de Minas.
(Incluída em 28/06/2007 às 09:20)

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