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Saúde e trânsito parados

GREVE

Pela segunda vez em menos de 15 dias, os médicos e outros profissionais da rede de saúde municipal de Belo Horizonte fizeram, ontem, uma paralisação e comprometeram o atendimento de mais de 35 mil pessoas. A greve, prevista para durar 24 horas – entre as 7h de terça e as 7h de hoje –, prejudicou pacientes das sete unidades de pronto-atendimento (UPAs) e do Hospital Odilon Behrens, que atenderam em regime de escala mínima, com 30% dos funcionários, apenas casos de urgência e emergência, e dos 141 centros de saúde, quatro Postos de Atendimento Médico (PAMs) e policlínicas, onde todos os serviços foram suspensos. A categoria está em campanha, desde abril, por melhores salários e condições de trabalho.

No Hospital Odilon Behrens, onde normalmente são atendidas 520 pessoas por dia no pronto-socorro, as equipes médicas tiveram que fazer triagem para identificar os pacientes com risco de morte ou quadro de saúde mais instável. Os demais foram encaminhados para unidades da rede pública estadual ou tiveram a consulta marcada para os próximos dias. Depois de sofrer uma crise asmática durante a madrugada, o pequeno Lucas Gabriel, de 11 meses, teve que esperar mais de uma hora para ser atendido. “Fomos cedo ao posto de saúde, mas a fila estava imensa. Fiquei revoltada e tive que trazê-lo ao Odilon Behrens, sem a menor certeza de que faríamos a consulta”, disse a dona-de-casa Silvana Meira, de 22 anos.

Com fortes dores no peito e dificuldade em respirar, a estudante Paloma Martins, de 18, passou por dois centros de saúde antes de chegar ao hospital. “Não consegui ninguém para me atender nos postos. É um absurdo o povo ser prejudicado pela falta de acordo entre médicos e a prefeitura”, contou. Segundo a superintendente do Odilon Behrens, Susana Maria Rates, como o hospital está superlotado, todas as equipes médicas estão completas. “Os grupos formados por oito clínicos-gerais, quatro pediatras, três cirurgiões, três anestesistas e três ortopedistas estão trabalhando normalmente para dar conta da demanda. Estamos dando preferência para os casos mais graves, mas sem colocar em risco a vida das pessoas”, garantiu Susana.

Nas UPAs, que ontem tiveram um dia de sobrecarga com o fechamento dos centros e postos de saúde dos bairros, as enormes filas revoltaram pacientes. “Na hora em que mais precisamos dos médicos, encontramos as portas fechadas. A saúde das pessoas não é brincadeira para ficarmos reféns de uma greve”, lamentou a aposentada Maria Ramos da Silva, de 69, que aguardava na UPA Oeste. Apesar de os médicos do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) não terem aderido à greve, o atendimento foi prejudicado pela dificuldade de encaminhar os pacientes às unidades de saúde. “Chegamos com o paciente na UPA há mais de uma hora e meia e ele ainda está na maca. As ambulâncias estão ficando paradas por muito tempo, o que prejudica o atendimento de outras chamadas”, afirmou um motorista do Samu, que preferiu não se identificar.

REIVINDICAÇÃO Na segunda-feira, a prefeitura encaminhou à Câmara Municipal a proposta de reajuste já apresentada ao Sindicato dos Médicos de Minas Gerais (Sinmed). Pelo projeto de lei, 65% dos servidores terão aumento de 55% até novembro de 2008, e o restante dos profissionais, que estão iniciando a carreira, terão 34% de reajuste salarial. O aumento será concedido em cinco etapas, a partir de junho deste ano. “Progressivamente, vamos chegar ao piso de R$ 3.481, reivindicado pela categoria, para dois terços dos médicos. Os mais jovens atingirão esse valor com os abonos de urgência e emergência e do Programa Saúde da Família. As negociações estão avançando, por isso considero a greve uma atitude radical e que prejudica a população”, disse o secretário municipal de Saúde, Helvécio Magalhães Júnior.

De acordo com a prefeitura, a paralisação teve 70% de adesão total ou parcial por parte dos médicos e 90% entre os demais profissionais de saúde. No entanto, o Sinmed declara que 97,7% dos servidores participaram da greve. Ontem à noite, a proposta da prefeitura foi discutida numa reunião e hoje, às 19h, ela será levada à assembléia da categoria. “Queremos condições salariais suficientes para manter os médicos na carreira, o que é essencial para a boa qualidade dos serviços prestados. A prefeitura só apresentou a proposta à Câmara e à imprensa, mas a categoria ainda não foi oficialmente informada”, disse o diretor jurídico do Sinmed, Fernando Mendonça.

Impasse na negociação

Paralisação com indicativo de greve por tempo indeterminado. Esse é o resultado da negociação entre o Sindicatos dos Servidores Municipais de Belo Horizonte (Sindibel) e a prefeitura (PBH). Mais de mil funcionários públicos saíram da Praça Sete ontem rumo à porta da sede do Executivo, no Centro da capital. Eles pararam as quatro pistas da Avenida Afonso Pena por uma hora e meia, durante a tarde, em movimento de reivindicação por melhores salários e condições de trabalho – com reajuste linear de 40% para todas as categorias.

Os outros dois principais pontos da pauta é o aumento do vale-alimentação para R$ 12 e o pagamento das dívidas trabalhistas. Às 15h, o secretário municipal de Administração e Recursos Humanos, Márcio Dutra, recebeu uma comissão do Sindibel composta por representantes de várias áreas – funcionários públicos da Saúde incluindo os odontólogos menos os médicos, Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), Fiscalização e Administração.

Na reunião, o presidente do sindicato, Robson Itamar, ressaltou a insatisfação dos servidores com o encaminhamento da proposta de reajuste apenas para os médicos à Câmara Municipal. “Enquanto a recomposição salarial dos médicos chega a até 55%, para alguns níveis, aos demais trabalhadores é oferecida apenas a correção, em 2007 e 2008, o equivalente a 3,5%”, afirma.

O secretário disse que a pauta única de todas as categorias apresentada pelo Sindibel, à exceção dos servidores da Saúde e os municipalizados, bem como as reivindicações específicas, não vão mais ser negociadas diretamente com a administração municipal. “O sindicato já senta à mesa com a data da próxima paralisação marcada. Vamos encaminhar projeto de lei para a Câmara com o reajuste de 3,5%, porque não podemos aceitar um processo de acordo pontuado por interrupções no serviço público. Quem sofre com isso é a população. Por isso, vamos ao Legislativo”, justifica.

Fonte: Jornal Estado de Minas.
(Incluída em 04/07/2007 às 09:05)

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