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Polícia pára 24 horas

SÃO PAULO

Policiais civis de São Paulo iniciaram ontem uma paralisação de 24 horas contra o reajuste salarial de até 23% oferecido pelo governo estadual. Eles reivindicam 48% de reposição salarial nas perdas de 2002 a 2005, incorporação das gratificações ao salário, licença prêmio em dinheiro e aposentadoria especial a todos os policiais, entre outras reivindicações. No interior do estado, segundo avaliação do sindicato da categoria, a adesão chega a 80%. O movimento é mais forte em cidades do Vale do Paraíba, em Jundiaí, Campinas, Itirapina, Ribeirão Preto, São Carlos e São Caetano do Sul. Na capital, o movimento está mais fraco. No Centro da cidade, a rotina das delegacias pouco foi alterada. “No interior do estado, temos uma forte adesão, até porque esses policiais são ainda mais necessitados. Na capital, a pressão dos diretores é maior e, por isso, o movimento tende a ser menor”, afirmou o presidente do Sindicato dos Investigadores de Polícia, João Batista Rebouças da Silva Neto.

Segundo o sindicalista, durante a Operação Cana Zero, os agentes só estão atendendo casos de emergência, como flagrantes, homicídios e seqüestros. Os registros de boletins de ocorrência de casos simples, como brigas de rua e furtos, e os inquéritos e intimações não serão feitos. Também não há retirada de documentos. A corporação tem 32 mil trabalhadores em todo o estado.

Na sexta-feira passada, foi anunciado um reajuste entre 3% e 23% para policiais civis e militares. Mas, de acordo com o presidente do sindicato, o aumento foi dado sobre gratificações e não sobre o salário. A Secretaria de Segurança Pública afirma que o aumento médio foi de 40,75%, desde 2002. “Essa proposta do governador não é um pacote. É um embrulho, uma enganação. Eles falam que vão pagar um mês de licença-prêmio em dinheiro, mas isso foi determinado por lei. Não foi voluntário. Além disso, não há a menor atenção com a categoria. Nem o secretário de Segurança (Ronaldo Marzagão) nos recebe”, disse Silva Neto, acrescentando que as negociações são conduzidas pelo secretário de Gestão Pública, Sidney Beraldo,

De acordo com o presidente da entidade, o objetivo do movimento é abrir um canal de comunicação com o governo. “Se isso não ocorrer, as paralisações vão continuar e estaremos onde o Serra (governador José Serra) estiver”, afirmou. Durante as comemorações de 9 de Julho, a categoria fez protestos contra o aumento. Serra esteve na comemoração, mas evitou falar do assunto. O secretário de Segurança Pública já garantiu que o governo está se esforçando para valorizar os policiais e que não haverá um reajuste maior que o proposto. Como os militares são proibidos de fazer greve, Silva Neto afirma que a associação de esposas de PMs pretende fazer protestos pela capital paulista, além de incentivar os policiais a não encaminhar as ocorrências para as delegacias.

PROTESTO Cerca de 300 pessoas, entre familiares de policiais civis e militares de São Paulo, além de aposentados, fizeram ontem o enterro simbólico de um PM, em frente à sede da prefeitura paulistana, no Viaduto do Chá, no Centro da cidade. Os manifestantes se concentraram no local por volta das 14h para reivindicar aumentos salariais. O grupo seguiu em passeata até a sede da secretaria estadual de Segurança Pública, também no Centro.

Segundo os manifestantes, o policial “foi morto pela política de fome do governo estadual”. O boneco estava vestido com roupas semelhantes a uma farda da PM e tinha catchup para simbolizar sangue sobre o corpo. Os manifestantes fizeram um círculo em volta do boneco e depois uma oração. O enterro simbólico terminou com as palavras de ordem: “Polícia unida jamais será vencida”.

De acordo com a presidente da Associação de Familiares e Amigos de Policiais do Estado de São Paulo, Adriana Borgo, os manifestantes apelidaram a manifestação de Operação Olga, em referência a Olga Benário Prestes, mulher de Luís Carlos Prestes que, depois de ter defendido com o marido a derrubada do governo de Getúlio Vargas, foi entregue pelo governo brasileiro ao regime nazista. “Nós também estamos lutando pelo homem amado”, disse.

Delegados fazem operação-padrão

Os delegados da Bahia iniciaram ontem uma operação-padrão de 48 horas. O movimento termina amanhã. De acordo com a Associação dos Delegados de Polícia do Estado da Bahia (Adpeb), a adesão na capital foi boa e no interior chega a 100%. Com o movimento, estão sendo atendidos apenas os casos de flagrante. Depoimentos não são tomados e inquéritos instaurados anteriormente estão parados. Segundo a associação, os delegados reivindicam um reajuste que os equipare aos demais delegados de Polícia Civil do país. Hoje, diz a entidade, os delegados da Bahia têm salário inicial de R$ 4 mil, incluindo gratificações, enquanto a média nacional é de R$ 8 mil.

Os delegados também pedem melhores condições de trabalho. Segundo eles, as armas e os coletes à prova de balas que estão atualmente à disposição dos cerca de 5 mil policiais civis do estado atendem apenas 30% do efetivo. Além disso, as carceragens das delegacias estão superlotadas. Em uma delas, do Departamento de Tóxicos e Entorpecentes, haveria 200 presos em instalações projetadas para acomodar 30. Por meio de sua assessoria de imprensa, a Secretaria Estadual de Relações Institucionais informou que pretende apresentar uma proposta à categoria antes da assembléia, marcada para o mês que vem.

Fonte: Jornal Estado de Minas.
(Incluída em 13/07/2007 às 09:20)

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