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O Senado ainda vai sangrar mais

POLÍTICA


O voto secreto serve para incentivar acordos espúrios

Qual será o futuro do Senado? É essa a questão que se apresenta, depois da pizza assada ontem no plenário. Condenado pela sociedade, que há muito tempo firmou convicção de sua culpa, o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi absolvido pelos colegas. Com direito a seis abstenções, parlamentares que preferiram não tomar uma posição. Um comodismo que, na prática, significa voto em favor de Renan, já que eram necessários 41 votos, no mínimo, para que ele perdesse o mandato. Vitorioso em plenário, o presidente do Senado não vai, depois de resistir tanto tempo, desistir de continuar no cargo. Mesmo que isso signifique problemas sérios para o governo, dependendo da reação da oposição. Há dois outros processos e uma nova acusação contra ele. O Senado pode sangrar por mais tempo ainda, como foi vaticinado logo no início da crise.

Renan poderia ter um gesto de grandeza e renunciar, aproveitando-se do conforto moral dado pelos votos dos colegas. Dificilmente o fará. Se tivesse conseguido a maioria dos votos – faltou um –, trataria o caso como uma recondução à presidência. Aliás, seus aliados já fazem isso, ao somar os seis votos de abstenção como total favorável a ele. A oposição, que deu apenas 35 votos pela cassação, sabe que houve traições. E é difícil saber de onde elas vieram. O voto secreto serve para isso, para incentivar os acordos espúrios, para que a consciência se esconda no anonimato e a escolha se dê pelas conveniências. Não foi à toa que Renan Calheiros, em sua defesa, fez questão de lembrar aos colegas que “amanhã pode ser cada um de vocês”.

O desejo da opinião pública perdeu para o corporativismo, para o medo do dia seguinte citado por Renan Calheiros. E olha que tem gente achando que ele perdeu ponto, ao atacar, como fez, a ex-senadora Heloísa Helena (PSOL-AL), que nem repetiu seus discursos teatrais quando atuou na acusação. O Senado sangrou e foi o grande condenado no julgamento de ontem. O dia seguinte ainda é uma incógnita. Há espaço para piorar ainda mais.

Água sanitária

O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) até que começou com tranqüilidade a sua defesa, mas, no fim, não agüentou, partiu para cima da ex-senadora Heloísa Helena, presidente do PSOL: “A senhora é sonegadora, já perdeu em duas instâncias um processo de R$ 800 mil”. Sentada no plenário, Heloísa respondeu, também aos gritos: “É mentira, é mentira”. Aí, a baixaria foi geral. Renan apelou: “A senhora precisa lavar sua boca com água oxigenada antes de falar meu nome”. A resposta veio à altura: “O senhor precisa usar água sanitária”.

Linha cruzada

A decisão medieval de desligar o som do plenário provocou desentendimentos entre os senadores. O líder do PSDB, Artur Virgílio (AM), discursava, quando foi interpelado por Wellington Salgado (PMDB-MG), que dizia que não era hora de discutir procedimento e regimento. Sem entender direito o que Salgado havia dito, Virgílio respondeu aos brados: “Nem o general Médici nem o general Geisel me fizeram calar. Vossa Excelência não vai me calar”.

Deputado mastercard

O episódio de violência contra os deputados antes do início da sessão de julgamento do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), deixou muita gente em estado de choque. Mas alguns parlamentares brincaram com o assunto. O que mostra o quanto Raul Jungmann (PPS-PE) é querido pelos colegas. Um deputado divertiu o pessoal ao dizer pelos quatro cantos da Casa que “ver o Jungmann levar um pé no traseiro não tem preço”.

Nada a ver

O ministro das Relações Institucionais, Walfrido Mares Guia, quis deixar bem claro que o governo não operou para salvar o mandato do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Ele passou o dia no Congresso, mais precisamente na liderança do governo na Câmara dos Deputados. Formou-se uma imensa fila de parlamentares. Walfrido estava atendendo a base governista, mas só recebeu os deputados. Nenhum senador passou por lá.

Pingue-pongue

O governo terá que montar um quebra-cabeça para fazer todas as negociações para a prorrogação da CPMF, em tramitação na Câmara dos Deputados. É que, como tem pouco tempo, não pode correr o risco de a proposta ser modificada no Senado, o que implicaria em sua volta à Câmara. E se os deputados mudassem de novo, viraria um pingue-pongue: o projeto ficaria pulando de uma casa a outra até que houvesse a aprovação de um texto único.

Treino democrata

Os pré-candidatos do DEM às prefeituras das grandes cidades estão sendo treinados com o professor espanhol, Jorge Rábago, especialista em comunicação de rádio e televisão. O cursinho começou na segunda-feira, quando participaram os deputados José Carlos Aleluia (BA) e Alceni Guerra (PR), que é secretário no Distrito Federal, e a senadora Kátia Abreu (TO). Na terça, foi a vez do ex-governador Mendonça Filho (PE), do líder na Câmara, Ônix Lorenzoni (RS) e o deputado estadual Gustavo Valadares, único de Minas a participar.

Fonte: Estado de Minas
(Incluída em 13/09/2007 às 08:10)

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